domingo, 29 de novembro de 2015

Sol maior

 Você bateu na porta, mas ao invés de lhe fazer o convite que esperava, saí e começamos a conversar. Então, solta aquele sorriso sem jeito com os dentes imperfeitos pela sua negligência, mas que continua sendo o mais lindo que já vi. Abro a porta devagarinho e você entra de mansinho para não me assustar.
 Chegou e estava tudo na mais perfeita desordem, aquela que eu sempre mantive para nunca ter motivos para receber visitas. Aos poucos, você foi varrendo a sujeira para longe do tapete, mudou alguns móveis de lugar, jogou fora todo o lixo de estimação e até mudou a decoração. Tudo que eu sempre quis e nunca quis ao mesmo tempo.
 Promete que vai ficar para sempre? Eu adoro a sua interferência, adoro o seu sorriso torto, até o que odeio em você me faz te amar mais. Pode continuar mudando os móveis de lugar; se quiser, pode tirar o tapete, para não correr risco da sujeira ir parar lá de novo; a gente lava a roupa suja todo dia e veste ela limpinha depois. Só não abra as portas de novo, por favor. O som do meu coração é muito melhor no seu acorde.