segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Torre de Babel

  Atualmente, nessa era, nos dias de hoje, ou qualquer outra expressão clichê que se refira ao que estamos vivendo, não estamos fazendo jus ao nome "presente". Seja porque o passado ainda não foi resolvido, ou porque o futuro parece um lugar melhor para se viver, ignoramos a caixa que apareceu em nossa porta. Talvez porque o embrulho seja menos do que esperávamos no passado, quando o presente ainda era um futuro brilhante.
  Não sabemos falar dos nossos sentimentos, porque não sabemos nem sequer como sentí-los. Aprendemos que demonstrar qualquer coisa é sinal de fraqueza e construímos um forte com tijolos de orgulho, grudados um ao outro com tantas decepções que precisamos de mais tijolos, para reconstruirmos Babel, a torre da confusão. Não sabemos mais como falar a mesma língua.
  Um século onde é tão fácil mandar uma mensagem, deveria ser a chave para a aproximação das pessoas, mas ao invés disso nos tornamos cada vez mais apáticos ao que acontece com o próximo. O mundo não está preparado para ouvir o que sentimos, mas não faz diferença, porque nós já não sabemos mais sentir.
  O seu primeiro beijo não acontecerá novamente, aquele buquê de flores não vai se desmurchar e o passado não vai se desfazer porque você não gosta dele. Mas você pode beijar de novo, plantar um jardim e escrever um futuro vivendo o seu presente. Faça tijolos de resiliência, use suas decepções para construir algo mais bonito. Os arranha-céus hoje riem de Babel, faça o mesmo.
  Para terminar o texto com algo tão clichê quanto o começo: não é tarde para recomeçar.