quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Primeira pessoa do plural

 Suas mãos cheias do sangue causado pela demasiada força empregada em segurar a corda que o prendia a ela, seus pés cheios do cansaço de uma caminhada longa que não levou a lugar algum e seus olhos cheios de lágrimas que ela já nem entendia mais o motivo.
 Invejou as borboletas que voavam de jardim em jardim procurando a beleza, sem se aterem a rosas que não exalam mais perfumes.
 Entendeu o porquê de suas lágrimas, descansou, soltou a corda e encontrou um riacho onde lavou suas feridas e permitiu-se ser guiada pela correnteza.
 Conheceu várias outras borboletas, passeou por centenas de outros jardins e saiu de perto de quem só exalava o(dor). A vida é curta demais para viver atada em nós.