quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Alto mar

 Usou o mesmo sapato que tinha causado o calo anteriormente. Ouviu uma vez que uma dor tira a outra. Quis que sangrasse o suficiente para banir o principal tormento.
 Seu sangue jorrou e foi de encontro a água salgada. Mas foi estúpido, nem sentia a bolha que estourou, só sentia algo mais pulsante sendo estilhaçado.
 Em meio as ondas e longe de qualquer terra firme ou porto seguro, olhando para os lados sem saber o que fazer ou para onde ir, afogou-se.

domingo, 6 de dezembro de 2015

Pássaros, canções e Camões

 Eu consigo sentir queimar o fogo, estou sentindo essa ferida e está doendo demais em mim. As controvérsias de Camões estão se assentindo. E por quê? Se as gaiolas estão te prendendo demais, então abra a porta e voe. A chave está debaixo do tapete.
 Os batimentos estão descompassados, não andamos mais na velha sintonia e a sinfonia recusa-se a ser tocada por nós dois. É uma pena. Meu corpo toca, canta e dança perfeitamente no seu acorde. Ou não, pelo menos, não mais.
 Então, deixe, conseguiremos outra música. Não vire a folha da partitura, troque por outra, eu também assim farei. Se novas canções não fossem compostas, que chata seria a nossa vida de pássaros.